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Arquitetos: Batlleiroig
- Área: 8230 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Antonio Navarro Wijkmark
Descrição enviada pela equipe de projeto. A proposta de implementação da Sede Corporativa do Médicos Sem Fronteiras concluída em 2019 em Barcelona transforma um edifício existente localizado no bairro 22@ promovendo espaços funcionais e biofílicos concebidos para pessoas. A antiga edificação era um volume industrial com quatro níveis iguais e uma cobertura que sofreu diversas transformações ao longo da sua vida útil.
O edifício ocupava quase toda a superfície do terreno, gerando espaços muito profundos e com pouca iluminação e ventilação natural, sendo a cobertura utilizada exclusivamente para as instalações. É proposta a inclusão de um pátio verde e em camadas, melhorando as condições de iluminação e ventilação dos espaços interiores. O corte escalonado otimiza a entrada de luz em todos os andares e gera terraços que ampliam as áreas de trabalho com novos espaços de reunião e encontro ao ar livre. Uma nova escada é também incorporada ao pátio, reforçando a ligação entre os níveis e promovendo hábitos saudáveis. A vegetação acaba sendo protagonista da maioria dos espaços externos, promovendo a biodiversidade e gerando espaços biofílicos.
O térreo é entendido como um prolongamento da via pública, diretamente relacionado com a fachada principal e o acesso ao edifício. É projetado um hall muito versátil que incorpora diferentes elementos do programa; o bicicletário e a recepção situados na entrada do edifício, o foyer e o auditório diretamente ligados a este espaço e o pátio verde como pano de fundo. Os postos flexíveis de trabalho situam-se nos quatro níveis superiores e se organizam em torno do novo pátio central, favorecendo a relação com os terraços e a vegetação. Os pavimentos estão estruturados com uma área diáfana central para espaços de trabalho e duas faixas laterais, localizadas nas paredes divisórias do edifício, onde se encontram os núcleos de comunicação vertical, os núcleos de serviço, as salas de reuniões, os escritórios e as áreas de descanso.
A nova cobertura dinâmica promove espaços exteriores de encontro e produção. Ela está estruturada em duas áreas, uma é a esplanada principal do edifício ligada ao pátio central e à fachada da Rua de Zamora, onde estão os espaços de estar e de convívio relacionados com a abundante vegetação e protegidos por toldos móveis. A outra área, por sua vez, está destinada às instalações do edifício, aproveitando elementos existentes como o pergolado metálico para incorporação de painéis fotovoltaicos. “As estratégias não só respondem as necessidades do programa e operação do edifício, mas também estudam as repercussões das diferentes ações e da escolha dos materiais, priorizando um projeto sustentável, que respeita o meio ambiente e aposta na mudança de paradigma entendendo a emergência climática que estamos presenciando”.
O projeto é desenvolvido de acordo com os seguintes critérios de sustentabilidade: A reciclagem urbana ao reformar o edifício existente que significou menos da metade das emissões de CO2 em comparação com o que significaria derrubá-lo e reconstruí-lo. Promoção da biodiversidade com o desenho de um edifício biofílico onde a vegetação é protagonista na cobertura, pátio, fachadas e interiores, melhorando a saúde das pessoas, a qualidade do ar e a biodiversidade da cidade. Reciclagem e reaproveitamento da água da chuva do edifício para uso próprio, promovendo a economia circular. A água da chuva é captada da pérgula fotovoltaica, armazenada em tanques e utilizada para a irrigação da vegetação do prédio.
A mobilidade sustentável é promovida através da implementação do bicicletário na entrada principal do edifício, complementando a nova rede de mobilidade sustentável da cidade. Também são promovidos percursos interiores saudáveis com a incorporação da nova escada no pátio central, visível de todos os espaços. Elementos estratégicos estão localizados na cobertura, como toldos móveis e superfícies refrescantes com vegetação abundante que ajudam a amenizar a ilha de calor das cidades. Materiais ecológicos, recicláveis e locais são escolhidos. A madeira certificada é o principal material do projeto. Estratégias passivas são desenvolvidas para atingir um consumo mínimo de energia, como o reforço do isolamento em tetos e fachadas e a renovação parcial da carpintaria, melhorando a eficiência energética do envoltório. O edifício está conectado à rede districlima e a pérgula de painéis fotovoltaicos na cobertura produz energia elétrica, contribuindo para uma maior eficiência energética e produtividade. A saúde e o bem-estar dos usuários é a principal estratégia do projeto, promovendo ações que melhoram o conforto espacial, físico e material, como a incorporação do pátio central ou o uso de materiais naturais. Reabilitar é uma oportunidade de transformar edifícios obsoletos e ineficientes conferindo uma nova vida, otimizando recursos e construindo com menos impacto ambiental.